As queimadas no Cerrado registram recordes neste ano, de acordo com dados do Inpe. O fogo gera prejuízos para a biodiversidade local, saúde e dia a dia da população.
Neste período mais seco, o nosso país vem sofrendo com focos de incêndio por todo o território nacional, prejudicando a saúde da população, o meio ambiente, o agronegócio e diversos outros setores.
Apenas em agosto, o Brasil registrou mais de 68 mil focos, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um aumento de 114% na comparação com o mesmo período de 2023.
As queimadas no Cerrado também bateram recordes neste ano: somente no primeiro semestre, o bioma teve a maior quantidade de focos de incêndio já registrada no período desde o início da série histórica do Inpe, em 1998.
A Amazônia é o bioma que mais sofre no país, com 55,8% dos registros, seguida pelo Cerrado (27,1%), Mata Atlântica (8,8%), Pantanal (6,4%), Caatinga (1.8%) e Pampa, com 0,1% dos focos. Continue a leitura do texto para conferir mais números e informações sobre o tema.
Queimadas no Cerrado
O Cerrado, no Centro-Oeste do país, apresentou 12.097 focos de incêndio entre 1 de janeiro e 23 de junho, um crescimento de 32% comparado ao ano de 2023. Nos primeiros 23 dias de junho, o bioma registrou mais de 4 mil focos.
Os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia concentram 53,3% das queimadas no Cerrado. O Mato Grosso é mais um estado onde o Programa Queimadas do Inpe apontou um crescimento de 85% nos focos de incêndio, de janeiro a 23 de junho, em relação ao ano passado.
De acordo com especialistas, o número de queimadas no Cerrado teve um aumento por conta das mudanças climáticas e desmatamento relacionado ao agronegócio. Nos estados de Goiás e Minas Gerais, na divisa da UHE São Simão, diversas cidades estão sendo tomadas pela fumaça.
Queimadas em Goiás
O estado registrou o dobro de incêndios em agosto deste ano, comparado com o mesmo mês de 2023. Dados do painel BDQueimadas, do Inpe, apontam que este agosto foi o segundo maior em número de queimadas desde 2018 em Goiás, com 978 pontos de fogo.
Em muitas cidades, como na capital Goiânia, a máscara voltou a fazer parte do dia a dia dos moradores. Por conta da fumaça, a poluição do ar atingiu níveis perigosos e foi preciso suspender as aulas.
Somente nos dois primeiros dias de setembro, Goiás já teve 43 focos de incêndio ativos, de acordo com o Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais da Universidade Federal de Goiás (Cempa/UFG). Em agosto, registrou-se 1.120 focos.
Queimadas em Minas Gerais
Minas Gerais registrou, de janeiro até o dia 22 de agosto, 4.268 focos de incêndio em vegetação. O número representa um aumento de 52% em relação ao mesmo período de 2023, segundo o Inpe. Esse é o maior registro desde 2010, quando o período teve 4.521 casos.
A Defesa Civil de Minas Gerais informou que 137 municípios estão em situação de emergência por causa da seca, um dos motivos do aumento de queimadas. Em Belo Horizonte já não chove há mais de 100 dias.
Muitos parques mineiros estão sendo castigados pelo fogo: o Parque Nacional da Serra do Cipó, na Região Central de Minas Gerais, já teve mais de 8 mil hectares consumidos pelas chamas.
A Serra da Moeda, na grande BH, sofreu com as queimadas por três dias, sendo necessário retirar moradores que vivem perto da região. Só na capital mineira, foram detectados 732 incêndios em vegetação até o dia 22 de agosto, uma média de 97 por mês.
Combate aos incêndios e conscientização
Para combater as queimadas, é preciso que todos somem cuidado, respeito e união. Pensando nisso, nós, da SPIC Brasil, demos início a mais uma edição da nossa Campanha Anual Contra as Queimadas.
Junto às comunidades do entorno da UHE São Simão, em cidades dos estados de Goiás e Minas Gerais, somamos a nossa energia para combater e evitar os focos de incêndio por meio da conscientização.
Nossa campanha leva aos moradores informações sobre os danos das queimadas e dicas de como evitá-las. Assim, promovemos a educação ambiental e aumentamos o engajamento no combate às queimadas.
Causas e consequências das queimadas
O aumento das queimadas no Cerrado acontece principalmente no período da estiagem, entre os meses de junho a setembro no Centro-Oeste do país. Nessa época, o bioma fica mais vulnerável ao fogo.
As mudanças climáticas, o aumento de áreas desmatadas e fenômenos naturais como o El Niño intensificam as queimadas no bioma, destruindo habitats e ameaçando diversas espécies nativas.
A combinação de baixa umidade e altas temperaturas agrava as queimadas, mas a origem criminosa de muitos desses incêndios também contribui para a situação crítica enfrentada pelo Brasil.
Vale destacar que a prática de queimadas é crime e leva à reclusão de dois a quatro anos, além de multa para quem provoca incêndios florestais.
Problemas na rede elétrica
As queimadas também podem gerar problemas no fornecimento de energia elétrica. Elas podem gerar blecautes e cortes forçados de energia em linhas de transmissão, distribuição e subestações.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que os incêndios são a segunda causa de interrupções em linhas de transmissão da rede básica, ficando atrás das condições meteorológicas adversas.
Em 2023, tivemos o maior número de desligamentos de energia desde o início da série histórica, que começou em 2012. Quando atingem o sistema de transmissão, o fogo, a fuligem e a fumaça podem causar curto-circuitos e impactar o abastecimento.
Impactos na biodiversidade
A destruição da biodiversidade é uma das consequências mais graves dos incêndios. O fogo pode levar à perda de habitats de espécies nativas, levando a um desequilíbrio ecológico de longo prazo.
As queimadas afetam o solo e prejudicam a sua fertilidade, gerando impactos econômicos para comunidades locais que dependem da agricultura. Além disso, elas também contribuem para a emissão de gases de efeito estufa, e podem impactar o ciclo de chuvas na região.
Efeitos na saúde da população
A fumaça causada pelas queimadas também é muito prejudicial à saúde humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os incêndios aumentam os riscos para desenvolvimento de diversas doenças, especialmente os problemas respiratórios.
As crianças, idosos e pessoas que já apresentam problemas respiratórios são os mais vulneráveis. É importante ter atenção redobrada aos cuidados e a possíveis sintomas.
Faça a sua parte e ajude a combater as queimadas no Cerrado, na sua cidade e região. Denuncie ações suspeitas e/ou focos de incêndio pelo número 193 do Corpo de Bombeiros. Junte-se a nós nesta causa!
Entre em contato com a SPIC Brasil pelo e-mail portasabertas@spicbrasil.com.br ou pelo telefone 0800 200 0204 (disponível de segunda a sexta, das 8h às 17h).
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